quinta-feira, 3 de junho de 2010

O eminente fim do petróleo.


Pico petrolífero, a realidade omitida

Como o observador global do petróleo fracassou na sua missão


por Lionel Badal [*]

[*] Estudante de pós graduação no King's College em Londres (Departamento de Geografia). Trabalho na questão do Pico Petrolífero há mais de um ano. Como entrevistou especialistas dos dois lados do debate, seu trabalho tornou-se uma fonte de pesquisa dentro da indústria petrolífera. Em 10 de novembro de 2009, The Guardian publicou um notícia sobre um informante da IEA, a qual foi principalmente baseada em sua pesquisa ("Key oil figures were distorted by US pressure, says whistleblower" – "Números chave sobre o petróleo foram distorcidos por pressão americana, diz informante").
Em 22 e 23 de fevereiro de 2010 fez apresentações sobre o tema no Parlamento Alemão para deputados, jornalistas e cientistas (inclusive um conselheiro político da BP). O jornal alemão Die Zeit escreveu sobre isso, e mais recentemente The Ecologist publicou um artigo sobre a sua pesquisa ("How a 22-year-old student uncovered peak oil fraud" – "Como um estudante de 22 anos revelou a fraude do pico petrolífero"). (http://twitter.com/LionelBadal)


Ato I – Uma realidade inconveniente
Ato II – A sombra dos EUA
Ato III – O que eles não querem que você saiba


Ato I – Uma realidade inconveniente
Há doze anos, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) descobriu que o Pico Petrolífero ameaçaria a prosperidade e estabilidade de nossas sociedades. Sim, eles sabiam. Enquanto alguns funcionários da IEA tentavam informar ao mundo essa mudança do jogo, parece que outros tinham prioridades diferentes...

Em 1998, a equipe do IEA que trabalhava no influente Perspectiva Energética Mundial (World Energy Outlook, WEO) fez uma avaliação autorizada e detalhada da produção futura de petróleo. A equipe era composta pelos melhores especialistas mundiais em energia, entre os quais Jean-Marie Bourdaire, coordenador do estudo, Ken Wigley, Keith Miller e o homem que se tornaria mais tarde Economista-Chefe do IEA, Dr. Fatih Birol.

Usando bases de dados confidenciais e perícia sofisticada, chegaram a uma conclusão dramática: o Pico Petrolífero, o momento no qual a produção global de petróleo começa seu declínio irreversível, aconteceria bem antes de 2020, por volta de 2014.

Ainda que a IEA afirme publicamente estar livre de qualquer interferência externa, a equipe estava sob pressão e escrutínio intensos. Como recorda o veterano geólogo e antigo vice-presidente da Fina, Dr. Colin Campbell, que assessorou a IEA no WEO de 1998, a certa altura Bourdaire teve de parar de telefonar-lhe do seu escritório na IEA porque a questão aparentemente tornara-se "tão sensível" que eles não deveriam ser vistos em contato um com o outro.

Criada como consequência da crise do petróleo de 1973 por países ricos da Organização para a Cooperação eo Desenvolvimento e Econômico (OCDE), a IEA, autoproclamada "vigilante global do petróleo", e seu principal relatório, o WEO, são considerados como a fonte mais autorizada de informação sobre o setor de energia. Nas palavras da Agência:

"Os governos e a indústria ao redor do mundo vieram a acreditar que o WEO fornece uma base consistente sobre a qual podem formular políticas e desenvolver planos de negócios".
Não obstante, em 1998, o membro mais influente da Agência, os EUA, não estava gostando do que estava saindo de seus estudos. Um problema estrutural com o petróleo, conforme foi identificado pela equipe da IEA, indubitavelmente questionaria a sustentabilidade do modelo econômico atual. Durante o estudo, a equipe da IEA compreendeu até que ponto o crescimento econômico estava correlacionado com a disponibilidade de energia abundante e barata. Assim, uma vez que a produção de petróleo cessasse de crescer e surgissem tensões, o crescimento econômico tornar-se-ia muito mais difícil, se não impossível, de ser sustentado.

Para suavizar essa mensagem impactante, a IEA acrescentou que um "item de equilíbrio" chamado "Petróleo Não-identificado Não-convencional" ("“Unidentified Unconventional Oil") surgiria repentinamente, e cresceria de zero em 2010 para 19,1 milhões de barris por dia (mb/d) em 2020 (convenientemente bem a tempo de esconder a escassez...)

O único problema é que as fontes não-convencionais de petróleo eram bem conhecidas. O "item de equilíbrio" era na verdade um código para escassez. O "item de equilíbrio" nunca existiu nem existirá. Um antigo membro da equipe da IEA encarregada do WEO de 1998 confirmou-me isso em dezembro de 2009 durante uma entrevista, sob condições de confidencialidade.

[O interessante é que a Administração de Informação em Energia (EIA - Energy Information Administration), o braço de estatística do Departamento de Energia dos EUA, usará subterfúgio similar em 2009, quando falará de "projetos não-identificados" que preencherão as falhas da produção declinante a partir de 2011...]

Felizmente a história não acaba aqui. Campbell esteve em contado com um especialista ambiental britânico, Dr.David Fleming, que por acaso foi colaborador regular da revista Prospect. Como tal, quando o WEO de 1998 foi publicado, Campbell, que estava perfeitamente ciente da mensagem nele contida, explicou isso a Fleming. Em 20 de abril de 1999, Fleming escreveu um artigo profético intitulado: "O próximo choque do petróleo?" . O artigo afirmava efetivamente o que a equipe da IEA não podia escrever em seu relatório.

"A última edição da publicação anual da Agência Internacional de Energia, a World Energy Outlook, é um exemplo disso. Tem uma história para contar que afetará profundamente o futuro de cada homem e mulher na terra... A perspectiva de um choque irreversível de preços do petróleo no início da próxima década modifica profundamente a atual agenda política e econômica. As suposições de crescimento econômico sustentado e baixo desemprego irão cair por terra... Então por qual razão a IEA não grita acerca disso? Como a instituição política mais influente no negócio do petróleo, ela está numa posição delicada. Não pode simplesmente despejar isso. Não pode dizer: 'Estamos olhando para um déficit de petróleo grande e permanente, para o qual não podemos oferecer soluções' ... A IEA revelou a situação de forma codificada ."
Do seu quartel-general em Paris, a IEA levantou um poderoso mas indesejado alarme. Um contragolpe estava para cair sobre os autores no WEO de 1998...


Ato II – A sombra dos EUA
Conforme revelou o Dr.Colin Campbell, quando o artigo de 1999 da Perspectiva foi publicado, "a IEA evidentemente se meteu em sérios problemas" [1] Então, o que aconteceu por trás das paredes da Agência Internacional de Energia?

Em primeiro lugar, elementos da alta hierarquia da Administração Federal dos EUA se enfureceram ao saber o que um par de empregados civis europeus havia feito com o WEO de 1998. Mensagem codificada ou não, o que estava saindo da agência baseada em Paris era inaceitável para eles. O tipo de crise estrutural denunciada no WEO de 1998 deveria ser enterrado e silenciado.

Além disso, é importante saber que o WEO de 1998 saiu somente alguns meses depois da Perspectiva Internacional de Energia (IEO) de 1998 publicada desta vez pela Administração de Informação em Energia dos EUA (EIA). Ao contrário da IEA, a EIA nunca se preocupou em elaborar cenários de produção de energia; seus estudos sempre consistiram na modelagem da demanda, supondo então que a produção a seguiria. Muito simples, mas totalmente não-confiável. Pondo isso de lado, no IEO de 1998, a EIA chegou a conclusões animadoras e chegou a declarar que:

"Os preços do petróleo deverão permanecer relativamente baixos, e não se espera que os recursos limitem crescimentos substanciais da demanda até 2020... em 2020, projeta-se que o consumo diário mundial de petróleo excederá 115 milhões de barris/dia". [2]

Claro que isso acabou por mostrar-se pura fantasia, mas a EIA acrescentou:

"Existe agora amplo consenso de que os recursos não são um limitante chave para satisfazer aumentos na demanda mundial por petróleo até 2020".

Bem, para grande desgosto da EIA, poucos meses depois a IEA diria e demonstraria exatamente o contrário. Pode-se imaginar o quão felizes ficaram a EIA e o departamento que a abriga, o Departamento de Estado. Um artigo de 2006 sobre previsões e metodologias de produção de petróleo do Dr. Roger Bentley (Universidade de Reading) e do Professor Godfrey Boyle (Open University) similarmente mencionou "pressões políticas dos EUA e Canadá" depois da publicação do WEO de 1998. [3]

Motivados pelo que só pode ser descrito como incompetência e arrogância, elementos da administração dos EUA exerceram então grande pressão sobre a liderança da IEA. O que eles queriam? O coordenador do WEO de 1998, Bourdaire, teria que deixar a Agência. Enquanto isso, Wigley se aposentou e Miller também deixou a IEA. A equipe da IEA que escreveu o WEO de 1998 foi derrubada e seu único "sobrevivente", o Dr. Fatih Birol, agora controlando o WEO, aprenderia bastante com esses eventos.

Na realidade, o WEO de 2000, que ele projetou e geriu, suprimiu qualquer advertência sobre um problema estrutural com o petróleo:

"O Outlook (2000) vê a base de suprimento mundial de petróleo como adequada para atender a demanda ao longo do período projetado... Não se deve esperar nenhum "esmagamento da oferta".

O esmagamento da ofertao aconteceu. Apesar da elevação da procura, dos altos preços e de grandes investimentos, entre 2005 e 2008, e pela primeira vez na história, a produção convencional de petróleo cessou de crescer. [4] Como esperado pela equipe de 1998 da IEA, essas tensões levaram a um choque severo nos preços do petróleo, o que enfraqueceu os fundamentos de uma economia globalizada já frágil.

Mas como a Agência conseguiu explicar a espetacular reviravolta no WEO de 2000?

Por uma feliz coincidência, em 2000, o United States Geological Survey (USGS) publicou uma extremamente otimista "Avaliação Petrolífera Mundial", que foi usada pela IEA de 2000 a 2006. Segundo os antigos funcionários da IEA que eu encontrei, "o USGS anunciou reservas gigantes com base numa metodologia completamente falha". De fato, pouco depois da publicação, Jean Laherrère, o antigo vice-gerente de exploração da Total e um renomado consultor em petróleo, fez uma análise detalhada da avaliação do USGS e concluiu que:

"A discussão que se segue demonstra que o novo estudo da USGS falhou com respeito à evidência de descobertas passadas, tanto em termos de quantidades como de taxas... Em resumo, o novo relatório da USGS é enganoso. Além disso, não é representativo dos padrões normais desta organização altamente respeitada." [6]

Laherrère adiciona, "É de se preocupar se não há uma agenda oculta" [7] por trás dos números do USGS. Dez anos depois, sabemos que os números reais eram 60% mais baixos do que os que o USGS predisse à época [8]

Significativamente, a organização não-governamental anticorrupção Global Witness (GW) identificou outro fator perturbador com o uso que a IEA fez da avaliação de 2000 da USGS. Em 2005, geólogos sênior do USGS publicaram uma atualização da avaliação de 2000 na qual avisavam que as descobertas reais eram muito mais baixas do que as que seu estudo original contemplava. Mas, como descoberto pela GW, a Agência ignorou esta avaliação, mesmo tendo sido ela publicada antes do WEO de 2005.

A GW também revelará que "correspondência com a IEA confirmou que a Agência estava ciente da baixa taxa de descobertas reais", mas não fez NADA.

A GW acrescenta:

"Dado que uma das principais funções da IEA é fornecer aos governos informação acurada a partir da qual eles possam elaborar planos econômicos, sua distorção dos dados desta maneira foi intelectualmente desonesta... A certeza exagerada da Agência, a despeito de que dados críveis, análises externas e fundamentos básicos todos sugeriam fortemente uma abordagem mais cautelosa, teve um impacto global desastroso". [9]

Falando nisso... Bentley e Bole também identificaram "sérios erros técnicos" no WEO de 2000. [10]

Apesar da IEA ter dito aos seus estados-membro em 2004 que os preços do petróleo "deveriam permanecer constantes até 2010, e então começarem a subir de forma estável a US$ 29 em 2030", [11] no mundo real os preços começaram a subir dramaticamente. Quando os preços do petróleo atingiram patamares recorde ano após ano, os cenários feitos pela Agência ficaram cada vez mais absurdos e difíceis de sustentar.

Quando as críticas [12] começaram a questionar a confiabilidade dos prognósticos da IEA, a posição do Economista-Chefe tornou-se crítica.

Desta forma, finalmente decidiu-se que a IEA publicaria em seu WEO de 2008 uma análise detalhada por campo das perspectivas da produção global de petróleo. Em dezembro de 2008, Birol admitiu que os WEO's prévios foram baseados em nada mais que uma "suposição global" [13] a qual, não surpreendentemente, acabou sendo demasiadamente otimista e portanto enganadora.

De fato, uma década depois da equipe de 1998 da IEA, a avaliação global de 2008 da IEA chegou a uma conclusão similarmente sombria. [14] E novamente parece que elementos da administração federal [15] intervieram para amaciar a avaliação pessimista feita pela IEA.

A s seguintes citações mostram aspectos interessantes do embaraçoso relacionamento da Administração dos EUA com o Pico Petrolífero:

"Há, penso eu, ampla evidência, e algumas pessoas no Departamento de Estado chegaram até a dizer isso especificamente, que as pessoas na hierarquia do Departamento de Estado, sob ambas as administrações, compreenderam que havia um problema, e suprimiram trabalhos na área... A história do Pico Petrolífero é definitivamente uma história de más notícias. Não há maneira de torná-la mais digerível..." [16]

Dr. Robert Hirsch, autor principal de um relatório [17] sobre o Pico Petrolífero para o National Energy Technology Laboratory no Departamento de Estado.

"(Steven Chu, Secretário de Energia dos EUA) era meu chefe… ele sabe tudo sobre o pico petrolífero, mas não pode falar sobre isso. Se o governo anunciasse que o pico petrolífero ameaça nossa economia, Wall Street entraria em colapso. Ele simplesmente não pode falar nada sobre isso." [18]

David Fridley, Energy Scientist, Lawrence Berkeley National Laboratory (DOE)


Ato III – O que eles não querem que você saiba
Nas partes anteriores, examinamos como a IEA foi silenciada quando acionou um sutil alarme a respeito do futuro da produção global de petróleo. Permanece uma questão crucial: por que isso interessa? Como poderia esse evento ser tão importante?

Bem, sendo a fonte de informação mais autorizada, a IEA induziu governos e empresas europeus ao erro declarando que até 2008 os preços do petróleo permaneceriam baixos. Não permaneceram. Ao fazer isso, a Agência conseguiu fazer com que energias renováveis parecessem não competitivas em relação ao petróleo. Como mencionado pelo deputado suíço e membro da Comissão Parlamentar de Energia da Suíça, Dr. Rudolf Rechsteiner, a IEA estava efetivamente "atrasando a mudança para um mundo renovável". [19] Notavelmente, o assim chamado "vigilante global do petróleo" agiu cada vez mais como um zeloso lobby da indústria petrolífera. [20]

Não obstante, a IEA pagaria um alto preço por isso quando a concorrente internacional Agência de Energias Renováveis (IRENA, na sigla em inglês) foi criada em janeiro de 2009. Por quê?

Hans Jorgen Koch, o vice-secretário do ministério de energia e mudanças climáticas da Dinamarca, disse que a IRENA tinha sido criada somente porque a IEA não estava dando suficiente destaque à mudança climática e suporte a renováveis. "Por dez anos a IEA subestimou a competitividade das fontes renováveis de energia", disse ele. [21]

Agora a questão principal: a IEA estava simplesmente sendo incompetente ou estava deliberadamente induzindo ao erro seus estados-membros da Europa? Um artigo da BBC de 2004 fornece um elemento para a resposta:

"Em público, Mr.Birol negou que o suprimento não seria capaz de atender à crescente demanda, especialmente das florescentes economias dos EUA, China e Índia. Mas depois de seu discurso ele pareceu mudar de idéia... Quando o BBC News Online prosseguiu, perguntado se esse gigantesco aumento na produção era realmente possível, e não simplesmente desejado, ele se recusou a responder. 'Vocês são da imprensa? Isso não é para vocês. Isso não é para a imprensa. '" [22]

Por que o Economista-Chefe da IEA ocultaria informação crucial à imprensa e ao público?

De modo ainda mais preocupante, quando The Guardian revelou a história sobre o informante da IEA em novembro de 2009, Campbell escreveu uma carta aberta a Terry Macalister, editor de energia do jornal. Ele explicou os eventos que cercaram o WEO de 1998 e declarou:

"Expliquei isso (a "mensagem codificada" no WEO de 1998) a um jornalista (David Fleming) que contatou o elemento dentro da IEA que estava feliz por que essa mensagem oculta importante viria a público". [23]

Tendo lido isso com grande interesse, eu imediatamente quis saber quem poderia ser o "elemento dentro da IEA". Para minha surpresa, Campbell me disse que o "elemento" era Birol, que ainda não era o poderoso Economista-Chefe da Agência. A fim de verificar esta informação, encontrei-me com Fleming em 4 de dezembro de 2009 em Londres. Fleming, um ambientalista altamente respeitado, confirmou a informação.

Ele explicou que, quando publicou seu artigo em 1999, enviou um e-mail a Birol perguntando-lhe se ele aceitaria comentar o artigo. Birol o chamou e lhe perguntou se ele aceitaria um encontro discreto. A pedido de Birol, eles se encontraram secretamente no Oxford&Cambridge Club em Londres para tomar chá. Fleming se lembrava perfeitamente de que eles entraram numa sala tranqüila, e quando Birol se sentou parece que até olhou para trás para checar se ninguém poderia ouvir o que ele estava para dizer.

De acordo com Fleming, Birol então lhe disse: "Há seis pessoas no mundo que compreendem isso". Parece que ele estava se referindo a pessoas como Campbell. Fleming acrescentou que Birol fez a seguinte confidência sobre seu artigo: "você está certo". Ele supostamente disse que o "petróleo não identificado não-convencional" era na verdade um código e que era improvável que a OPEC alguma vez o quebrasse. Durante a discussão, Birol explicou que a IEA foi obrigada, e até reclamou da interferência dos EUA, ou assim recordava Fleming.

Fleming ainda tinha uma opinião muito boa sobre Birol quando eles conversaram. Durante seu encontro, Birol foi "muito perceptivo" e aparentemente até ofereceu sua ajuda. Quando eu perguntei a Fleming em que estado de espírito Birol estava, e se ele parecia ansioso ou nervoso, Fleming me disse que "de jeito algum". Ele parecia "espirituoso" e "em boa forma". Ele até se lembrou de uma piada que Birol fez, "this is a lovely club, but not a lively one" (esse é um clube adorável mas nao animado), boa piada, lembrava-se Fleming.

Minha pergunta : por que o Economista-Chefe da IEA tinha dito publicamente desde 2000 que a produção global de petróleo podia aumentar até 2030, desde que investíssemos, enquanto em 1999 ele supostamente, em segredo, confirmou que a produção global de Petróleo começaria a declinar por volta de 2014? Teria sido porque ele viu o que aconteceu ao seu antigo chefe quando este corajosamente tentou informar os estados-membros da IEA sobre a seriedade da situação?

Contatei o assistente de Birol na IEA e perguntei se ele comentaria a respeito do encontro com Fleming: meu pedido ainda está por ser respondido.

Um relatório [24] encomendado pelo Departamento de Energia dos EUA concluiu que necessitaríamos de 20 anos para nos prepararmos para o Pico Petrolífero, caso contrário enfrentaríamos "custos econômicos, sociais e políticos sem precedentes". Doze anos cruciais foram perdidos, quantos mais desperdiçaremos até que finalmente comecemos a nos preparar para este evento "sem precedentes" ?

Como tive oportunidade de dizer recentemente durante minha apresentação sobre o Pico Petrolífero e a IEA à Comissão Européia, um inquérito independente e completo sobre as ações da Agência é urgentemente necessário. Além disso, deve-se considerar a criação de uma Agência Européia de Energia independente e transparente.

O tempo está se esgotando.


18/Maio/2010
Notas
1 http://www.peakoil.net/files/Campbell_comments_20091110.pdf
2 http://tonto.eia.doe.gov/ftproot/forecasting/048498.pdf
3 http://www.envplan.com/abstract.cgi?id=b33063t
4 www.globalwitness.org
5 blogs.ft.com
6 http://www.oilcrisis.com/laherrere/usgs2000/
7 Ibid
8 http://www.davidstrahan.com/blog/?p=69
9 www.globalwitness.org
10 http://www.envplan.com/abstract.cgi?id=b33063t
11 http://www.iea.org/weo/2004.asp
12 http://www.davidstrahan.com/blog/?p=71
13 http://www.guardian.co.uk/business/2008/dec/15/oil-peak-energy-iea
14 www.theecologist.org
15 www.guardian.co.uk/environment/2009/nov/09/peak-oil-international-energy-agency
16 www.aspousa.org
17 http://www.netl.doe.gov/publications/others/pdf/oil_peaking_netl.pdf
18 http://www.bohemian.com/bohemian/06.17.09/feature-0924.html
19 http://www.guardian.co.uk/environment/2009/jan/08/windpower-energy
20 www.businessgreen.com
21 www.businessgreen.com/business-green
22 http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/3777413.stm
23 www.guardian.co.uk
24 http://www.peakoil.net/files/Campbell_comments_20091110.pdf
25 http://www.netl.doe.gov/publications/others/pdf/oil_peaking_NETL.pdf

O original encontra-se em: petrole.blog.lemonde.fr (parte 1), petrole.blog.lemonde.fr (parte 2) e petrole.blog.lemonde.fr (parte 3). Tradução de RMP.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Nenhum comentário:

Postar um comentário