Precisamos repensar todo o papel do estado na sociedade contemporânea e futura. O atual modelo é vergonhosamente ineficiente, apesar da boa fé de alguns e das melhores possibilidades intelectuais estarem inseridas, sendo notória a dificuldade em ingressar no serviço público por meio de concursos, haja vistas os inúmeros casos de fraude, assim sendo não há leigos exercendo função publica, são indivíduos em princípio altamente capazes. Por que não funciona? Pergunta cotidiana, rotineira, dolorosa e revoltante, notoriamente prática.
Descartando princípios éticos e morais individuais que deveriam guiar a todos nós, partindo da premissa de que se todos os tivessem, e os tendo fizessem uso, qualquer forma de organização social teria exito, mas como somos principiantes na arte da moralidade, não tomaremos a inabilidade nesta arte como causa primária. Reflitamos então sobre as formas e regras e objetivos dessa organização que se desvirtuou da causa primária de servir ao povo, tornando-se senhor inominável multifacetado da Senzala sem grilhões, de modernos escravos iludidos que vislumbram ser livres, engenhosamente denominados contribuintes, que sustentam ingênuos uma elite imoral.
Talvez seja o principal atrativo, o maior problema e resposta a questão. Estabilidade. O que motiva o servidor a exercer com afinco seu labor? Por que bons e maus servidores em cargos e funções semelhantes são remunerados da mesma forma? Como identificar, valorizar o bom servidor e exonerar o mau agente publico? Como avaliar e qualificar a eficiência dos serviços prestados e seus prestadores, os recompensando pela seu empenho e dedicação? Por que altos proventos não são garantia de qualidade no serviço? Por que servidores descontentes não buscam melhores condições de trabalho e remuneração? Talvez apego a estabilidade? Não usemos hipocrisias para embelezar mazelas, o colaborador da iniciativa privada, outro nome eufêmico moderno, também preza por estabilidade, esse é um dos principais motivadores, se não o primevo, que o instiga a prestar um bom serviço, se qualificar constantemente, ser reconhecido, ser promovido, ser bem remunerado.
A incerteza não permite que o colaborador se acomode, ele deve ser o melhor, prestar com máxima eficiência seu oficio sobre pena de ser substituído por alguém mais qualificado, mais disposto a cumprir com as expectativas do servido. Sem apego em demasia a estabilidade, pode-se na falta de condições, lograr novas oportunidades e continuar a crescer, se aperfeiçoar constantemente, sem se estagnar em teimosia estéril.
Conheço servidores que ingressaram apaixonados, cheios de ideias novas dispostos a fazer a diferença, infelizmente o sistema os corromperam, adormeceram seus ideais fraternos ratificando-os com o epíteto de utopia, como uma gota de água doce na vastidão salgada do mar. Serão pessoas frustradas por terem passado toda vida apegadas a uma estabilidade infrutífera, indiferente se na iniciativa publica ou privada. A diversidade cria o novo. Esse sistema antigo está falido, injusto em essência jamais funcionou, não se renova, não permite que o novo se faça, apegado a velhos dogmas e privilégios a mandatários.
A livre iniciativa é dinâmica, mutante, se renova e se reinventa constantemente, se isentando da mesmice, do ostracismo, desapegada a conceitos imutáveis, evoluindo exponencialmente, assim todos mesmo que não queiram se beneficiam do progresso. Como edificaremos um serviço publico justo para todos, servidores e servidos? Todos sabem, até o mais humilde em conhecimento, que informação, conhecimento, sabedoria é poder, as soluções nascem com a educação, ao invés da doutrinação.
A única benesse oferecida pelo Estado deveria ser uma educação de qualidade, a mesma oportunidade a todos, que todos possam partir do mesmo ponto, onde cada um possa chegar dever ser fruto do esforço individual. Gostaria, mas não sou portador das respostas, apenas me atrevo a exercer constantemente minha obrigação de questionar os diversos aspectos da vida, sem pretensão de estar correto e disposto à adequar meus raciocínios quantas vezes meu tirocínio julgar coerente.
As vezes cercado pelo ócio, num ímpeto, essas divagações escapam sem intenção de ofender, apenas criar uma inquietação em algum incauto, talvez não sirvam para nada, como diria um amigo querido, assim o considero, "plantar sementes para reflexão".