quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Daniel Dunglas Home




D. D. Home, como era mais conhecido, nasceu na aldeia de Currie, perto de Edimburgo, na Escócia, em 20 de março de 1833. Ele alegava que seu pai era filho natural de Alexander Home, 10° Conde de Home, e que sua mãe pertencia a uma família que se acreditava ser dotada de faculdade premonitória.

Quando fez nove anos, ele foi levado com sua tia e seu tio para os Estados Unidos. Em 1850 sua mãe morreu e em breve a casa de sua tia começou a ser perturbada com batidas semelhantes às que tinham ocorrido dois anos antes na casa das Irmãs Fox. Sua tia, com medo de o menino ter feito entrar o demônio, expulsou o jovem Home de casa, o que fez com que ele se visse vagando pelo país, parando nas casas dos amigos que queriam ver suas habilidades como médium. Esse modo de vida iria durar mais de 20 anos, uma vez que ele nunca pediu dinheiro para as suas sessões, apesar de ter sempre vivido muito bem com os presentes, as generosas doações e a hospedagem que recebia de seus muitos admiradores ricos. Há aparentemente duas razões pelas quais Daniel Home se recusava a receber pagamento direto: a primeira é que ele se via como em uma "missão para demonstrar a imortalidade" e a segunda, a que ele queria interagir com seus clientes como entre um cavalheiro e outro e não como um empregado deles (Doyle 1926: volume 1, 186-190).

Em 1855, em uma viagem financiada por espiritualistas americanos, ele foi à Inglaterra. Ele é descrito nessa época como alto e magro, com olhos azuis e cabelo ruivo, vestido displicentemente e com uma séria doença pulmonar. Daniel Home fazia sessões para pessoas notáveis a plena luz do dia e produzia fenômenos tais como mover objetos à distância (Doyle 1926: volume 1, 188-192).

Alguns dos primeiros convidados às suas sessões incluíam o cientista David Brewster, os romancistas Edward Bulwer-Lytton e Anthony Trollope, o socialista Robert Owen, e o swedenborgiano James John Garth Wilkinson (Doyle 1926: volume 1, 193-195). Daniel Home parecia ter o talento de converter os mais céticos, mas Robert Browning, o poeta, provou ser mais obstinado. Browning compareceu a uma sessão e a seguir manifestou sua impressão no poema não elogioso Sludge the Medium (Lama o Médium), de 1864.

Sua fama cresceu, impulsionada particularmente pelos seus extraordinários feitos de levitação. William Crookes alegou saber de mais de 50 ocasiões nas quais Home tinha levitado, muitas das quais a uma altura de um metro e meio a dois metros do solo e "a plena luz do dia" (Doyle 1926: volume 1, 195-197). Talvez os feitos mais comuns fossem como esse, relatado por Frank Podmore: "Todos o vimos elevar-se do chão até uma altura de um metro e oitenta, ficar lá por cerca de dez segundos e, depois, descer vagarosamente" (Podmore 1902, p. 254).

Nos anos seguintes ele viajou pela Europa continental, sempre como convidado de patrocinadores ricos. Em Paris ele foi convocado às Tulherias para desempenhar uma sessão para Napoleão III. Ele desempenhou para a Rainha Sofia da Holanda que escreveu sobre a experiência: "Eu o vi quatro vezes … eu senti uma mão tocando a ponta dos meus dedos, vi um sino dourado pesado movendo-se sozinho de uma pessoa para outra, vi meu lenço mover-se sozinho e retornar para mim com um laço… Ele mesmo é um jovem pálido, doentio e bastante bonito mas sem uma aparência ou qualquer coisa que pudesse quer fascinar quer assustar alguém. É maravilhoso. Eu me sinto tão feliz de ter visto isso…"

Em 1866 a Sra. Lyon, uma viúva rica, adotou-o como filho, pois recebia supostas mensagens de seu falecido marido, que pedia à viúva que adotasse a Home e desse a ele quantias em dinheiro, tendo inclusive estabelecido a quantia de 700 libras anuais. Ela lhe concedeu £ 60.000, em uma aparente tentativa de obter ingresso na alta sociedade. Descobrindo que a adoção não tinha alterado sua situação social, ela se arrependeu do que havia feito e entrou com uma ação para obter de volta o seu dinheiro sob a alegação de que ele tinha sido obtido por influência espiritual.

Sob a lei britânica, à defesa cabe o peso de provar contra nesses casos e provar contra era impossível por falta de evidências físicas. Concordantemente, o caso foi decidido contra Daniel Home, o dinheiro da Sra. Lyon foi devolvido e a imprensa aproveitou para ridicularizá-lo. É de se notar que os conhecidos de Daniel Home na alta sociedade entenderam que ele se havia comportado como um completo cavalheiro e ele não perdeu um único de seus amigos importantes (Doyle 1926: volume 1, 207-209).

Home encontrou-se com um dos amigos mais próximos em 1867, o jovem Lord Adare (mais tarde Windham Thomas Wyndham-Quin, o Quarto Conde de Dunraven and Mount).
Adare ficou fascinado por Home e começou a documentar as sessões que eles fizeram. Uma das levitações mais famosas de Home ocorreu em uma dessas seções no ano seguinte. Diante de três testemunhas (Adare, o Capitão Wynne, e James Ludovic Lindsay (Lord Lindsay), Home teria levitado para fora de uma janela de um quarto em um terceiro andar e entrado de volta pela janela do quarto ao lado (Doyle 1926: volume 1, 196-197).

Home casou-se duas vezes. Antes que sua carreira florescesse como um médium na Inglaterra, seu sobrenome era sempre escrito como "Hume" e ele teve, na verdade, que negociar com o ministro da paróquia onde se casou o uso do seu sobrenome "Home".

Em 1858 ele se casou com Alexandria de Kroll, a filha de 17 anos de uma família nobre russa. Eles tiveram um filho, Gregoire, mas Alexandria caiu doente com tuberculose e morreu em 1862. Em outubro de 1871, Home casou-se pela segunda vez com Julie de Gloumeline, uma rica senhora russa que ele conheceu em São Petersburgo. No correr dos fatos ele converteu-se à fé grega ortodoxa. Agora, com 38 anos ele se aposentou. Sua saúde estava mal – a tuberculose, da qual ele tinha sofrido pela maior parte de sua vida, estava avançando – e seus poderes, ele afirmava, estavam falhando. Ele morreu em 21 de junho de 1886 e foi enterrado ao lado de sua filha no cemitério de St. Germain-en-Laye. (Lamont, 2005 p. 222-223)

De acordo com Arthur Conan Doyle, Home era raro pelo fato de possuir poderes em quatro tipos diferentes de mediunidade: voz direta (a habilidade de deixar os espíritos falarem de forma audível); psicofonia (a habilidade de deixar os espíritos falarem através de si); clarividência (a habilidade de se ver coisas que estão fora de vista); e mediunidade de efeitos físicos (mover objetos à distância, levitação, etc.-- o tipo de mediunidade no qual Home não tinha igual).

Home suspeitava de qualquer médium que alegasse possuir faculdades que ele não possuia (tal como os Irmãos Eddy, que alegavam ter a habilidade de produzir formas sólidas de espíritos), e ele tachava esses médiuns como fraudulentos. Uma vez que os médiuns de materialização sempre trabalhavam em locais escurecidos, Home cobrava que todas as sessões fossem feitas à luz do dia (Doyle 1926: volume 1, 204-205). Home, no seu livro de 1877 Lights and Shadows of Spiritualism (Luzes e Sombras do Espiritualismo), detalhou os truques empregados por falsos médiuns.

[1]O próprio Home, naturalmente, foi amplamente suspeito de fraude mas essa jamais foi comprovada (Doyle 1926: volume 1, 207). Frank Podmore (1910, 31-86 e 1902, 223-269) e Milbourne Christopher (1970, 174-187) apresentam uma particularmente rica fonte de especulação sobre as maneiras com as quais Home teria iludido seus assistentes. Alguns testemunhos sugerem que Home costumava conduzir suas demonstrações com luz fraca.

[2] São discutidas as condições de luz nos mais famosos feitos de levitação de Home, e certas testemunhas dizem que estava bem escuro.

[3] Podmore (1910, p. 45) registra que Home tinha um companheiro constante que sentava do lado oposto a ele durante as suas sessões.

Alexander von Boutlerow, professor de Química da Universidade de São Petersburgo e cunhado de Home, obteve resultados positivos em seus testes com Home (Lamont, 2005 p. 222)

William Crookes x Daniel Dunglas Home

Vamos extrair os seus dados biográficos da excelente Encyclopaedia of Psychic Science, de Nandor Fodor (USA: University Books, 1974).

Sir William Crookes (1832-1919) pode ser considerado um dos mais proeminentes físicos do século XIX. Em 1863 foi eleito membro da Royal Society. Obteve as seguintes láureas: a Royal Gold Medal, em 1875; a David Medal em 1888; a Sir Joseph Copley Medal em 1904; foi nomeado cavaleiro em 1897, pela rainha Vitória; e, em 1910, ganhou a Ordem de Mérito. Foi presidente das seguintes instituições: Royal Society, Chemical Society, Institution of Electrical Engineers, British Association e Society for Psychical Research. No campo das pesquisas científicas Crookes é conhecido como o descobridor do elemento químico de número atómico 81, o Tálio; do Radiómetro; do Espintariscópio; do tubo de raios catódicos, mais conhecido como Tubo de Crookes, etc.

Na área da divulgação científica, ele foi fundador do Chemical News, em 1859, e editor do Quarterly Journal of Science, em 1864. Em 1880, recebeu uma medalha de ouro e o prémio de 3.000 francos, da Academia de Ciências da França.
Na ocasião em que William Crookes passou a interessar-se pelos fenómenos paranormais, houve uma grande expectativa em torno dessa decisão, por parte do grande público. Seu nome era por demais conhecido nos meios científicos, e o seu veredicto seria, naturalmente, aceite como decisivo julgamento do movimento então chamado «Spiritualism».

Certamente, William Crookes devia achar-se a par da repercussão nada favorável, na imprensa, do relatório da «London Dialectical Society». Pairava no ar uma certa hostilidade surda contra o «Spiritualism». A má vontade com relação a este movimento era evidente, especialmente por parte da imprensa e do meio científico. Se Crookes se decidiu a sondar tão perigoso terreno, é porque naturalmente confiava no método científico positivo, com o qual se achava tão familiarizado. O seu interesse despertou, após ter assistido a uma sessão com a médium Mary Marshall (1842-1884), em Julho de 1869. Esta médium foi também iniciadora do Dr. Alfred Russel Wallace, na investigação dos fenómenos paranormais. Os fenómenos eram banais: «raps», movimentos e levitação de uma mesa, nós dados em lenços, escrita directa em lousas, etc. A partir de 1867, ela produziu sessões de voz directa, nas quais se manifestava o famoso espírito John King.

Em Dezembro de 1869, Crookes assistiu às sessões do célebre sensitivo J. J. Morse (1848-1919), o mais extraordinário médium psicofónico daquela época, o qual o impressionou bastante. Em Julho de 1870, depois que Henry Slade chegou a Londres, ele anunciou sua decisão de investigar seriamente os fenómenos espíritas. Publicou, então, no Quarterly Journal of Science um artigo intitulado: «Spiritualism Viewed by the Light of Modern Science» (O «Spiritualism» visto à Luz da Moderna Ciência).

São suas as palavras neste artigo:

«Modos de ver ou opiniões não posso dizer que possuo sobre um assunto que eu não tenho a presunção de entender.»

A seguir, ele acrescentou:

«Prefiro entrar na investigação, sem noções preconcebidas sejam quais forem, como do que possa ou não ser, mas com todos os meus sentidos alerta e prontos para transmitirem a informação ao cérebro; acreditando, como creio, que não temos, de nenhuma maneira, esgotado todo o conhecimento humano ou examinado as profundezas de todas as forças físicas». Segundo ele, tais investigações foram-lhe sugeridas «por um eminente homem que exercia grande influência no pensamento do país».

Finalmente, a derradeira sentença:

«O crescente emprego dos métodos científicos produzirá uma geração de observadores que lançará o resíduo imprestável do «Spiritualism», de uma vez por todas, ao limbo desconhecido da magia e da necromância».

Tal anúncio foi recebido com especial júbilo pela imprensa. Havia uma expectativa geral de que, desta vez, o «Spiritualism» iria ter sua correta avaliação. Em suma, seria colocado em sua exata posição e avaliado em suas devidas proporções, isto é, não receberia nenhuma aprovação. Após submetido ao escalpelo do método científico, tudo não passaria de fraude, logro e imposturice.

É um fenómeno difícil de explicar exatamente essa aversão contra os fatos do Spiritualism. Talvez se deva isso, em parte, à influência da Filosofia Positivista, que, naquela época, se difundira pelas elites culturais da Europa. Sabe-se que o relatório da London Dialectical Society, de 20 de Julho de 1870, já tivera péssima recepção por parte da imprensa e também por grande fração dos intelectuais de então. E deve frisar-se que a sua comissão, composta de 33 membros, era formada por homens ilustres, conforme mostraremos em artigo posterior. A única explicação para tal reação, seria o fato de a comissão ter concluído que os fenómenos do Spiritualism** eram reais.

Entre 1869 e 1875, Crookes levou a efeito um número enorme de sessões com os mais variados médiuns; as de maior importância, no seu próprio laboratório pessoal. São cinco os seus principais grupos de experiências com os médiuns mais qualificados e por ordem cronológica: Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles Edward Williams, Florence Cook e Annie Eva Fay. Além desses, ele teve experiências esparsas com os seguintes médiuns: mrs. Marshall, J. J. Morse, aos quais já nos referimos, mrs. Event, o reverendo Staiton Moses, mrs. Mary M. Hardy, miss Showers e inúmeros outros de menor fama.

As experiências feitas com Daniel Dunglas Home parecem as mais bem controladas das cinco principais séries. Foram relatadas no The Quarterly Journal of Science, a partir de 1871, mais tarde enfeixadas num volume sob o título Researches in the Phenomena of Spiritualism e publicados também nos Proceedings of the Society for Psychical Research (Vol. VI, 1889-90, pp. 98-127).

Tais experiências constaram de diversos fenómenos de efeitos físicos, tais como movimentos de corpos pesados com contato, mas sem esforço mecânico por parte do médium. Para controlar e medir esses fenómenos, Crookes construiu e montou aparelhos dotados de alavancas e dinamómetros, bem como registadores gráficos operados mecanicamente.

Dentro desta categoria de fenómenos, destaca-se um deles pelo inusitado. Trata-se de um acordeão que era tocado, tendo apenas uma de suas extremidades presa entre os dedos da mão do médium. A outra extremidade contendo as teclas, ficava dependurada. O instrumento, assim suspenso dentro de uma gaiola de madeira e arame, era misteriosamente tocado e, inclusive, as suas teclas eram acionadas por suposta mão invisível.

Foram investigados os fenómenos de percussão e outros ruídos surgidos sob a ação do médium. Objectos pesados situados a determinada distância do médium eram movimentados ostensivamente. Assim, mesas e cadeiras elevavam-se do chão por si sós. Todos esses fenómenos, em sua maioria, ocorriam à luz clara, permitindo absoluto controle.

O médium D. D. Home é famoso também pelas suas levitações. Diz Crookes:

«Há pelo menos 100 casos bem verificados de elevação do sr. Home, produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da boca de 3 testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lyndsay e o capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis desse género acompanhados dos menores incidentes.» (Crookes, W. Fatos Espíritas, Rio: FEB, 1971, pp. 36 e 37).

Inúmeros outros fenómenos extraordinários foram reportados por Crookes. Entre eles destacam-se os efeitos luminosos. Eis alguns:

«Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um heliotrópio colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho, e trazê-lo a uma senhora, e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objetos.» (Opus cit. p. 40)

Noutras ocasiões ocorreram em plena luz fenómenos de materialização parcial. Transcrevamos alguns descritos por Crookes:

«Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão.» (Opus cit. p. 41)

Tais membros, parcialmente materializados, eram, algumas vezes, vistos a formar-se a partir de nuvens ectoplásmicas.

«Algumas vezes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa condensada em parte, sob a forma de mão.» (Opus cit. p. 41)

Tais mãos, quando tocadas, davam a sensação ora de frias como de gelo, ora de quentes e vivas, chegando a cumprimentar com firme aperto de mão o investigador. Crookes, certa ocasião, reteve uma dessas mãos, resolvido a não a deixar escapar. Entretanto, ocorreu fato singular: em vez de fazer qualquer esforço para libertar-se, a mão materializada simplesmente se desmaterializou, parecendo dissolver-se em vapor!

Entre as pessoas convidadas por William Crookes para assistirem e testemunharem tais fenómenos, contavam-se as seguintes: o seu assistente químico, Williams; seu irmão Walter; o eminente físico e astrónomo, ex-presidente da Royal Society, sir William Huggins, e o jurisconsulto Sarjeant Cox.

Foram, também, convidados para participarem do grupo de observadores os secretários da Royal Society. Entretanto recusaram o convite. Não quiseram investigar pessoalmente os fatos.
Familiares de Crookes também assistiram às sessões, durante as quais os grandes sensitivos e agentes paranormais eram por ele observados e estudados.

Os relatórios de William Crookes a respeito da «força psíquica» por ele verificada de maneira inequívoca, assim como os relatos dos demais fenómenos que, de certa forma, davam apoio às teorias espiritualistas, provocaram tremenda decepção entre aqueles que esperavam justamente o contrário. Crookes, ao que parece, já contava com esse tipo de reação. Em 20 de Junho de 1871, ele escrevia, após ter enviado primeiro um relatório à Royal Society, cinco dias antes:

«Considero ser meu dever enviar primeiro à Royal Society, porque assim fazendo, eu deliberadamente lanço o peso de minha reputação científica em apoio à verdade daquilo que envio».

Em Julho de 1871, Crookes publicou um relato sobre a famosa série de testes com D. D. Home e também com Kate Fox, no Quarterly Journal of Science, sob o título: «Experimental Investigation of a New Force». Em Outubro do mesmo ano e no mesmo periódico, ele publicou o artigo «Some Further Experiments on Psychic Force», com uma explicação de sua abordagem à Royal Society.

No próprio mês de Outubro daquele ano, estourou a reação pública: um violento ataque anónimo surgiu na Quarterly Review. O anonimato não funcionou, pois logo se soube que sua origem era o oficial de registo da London University, o conhecido biólogo Dr. W. B. Carpenter, membro da Royal Society.

Em Dezembro daquele ano, William Crookes publicou, no Quarterly Journal of Science, o artigo «Psychic Force and Modern Spiritualism a Reply to the Quarterly Review». Era a resposta ao artigo de Carpenter, desmascarando-o e refutando ponto por ponto os seus ataques.

O jornal Echo, de 31 de Outubro de 1871, publicou uma carta anónima a ele enviada e assinada «B». Nesta carta o autor pôs em forma definitiva alguns dos rumores contra Crookes, que se haviam desencadeado depois do artigo de Carpenter. O anónimo «B» referia-se a informações e críticas de um tal «Mr. J», a quem ele atribuía autoridade para julgar Crookes. Este logo descobriu o covarde autor da carta anónima, um certo John Spiiler, que fora, numa ocasião admitido a assistir duas sessões com D. D. Home na residência de Sarjeant Cox. Crookes achava-se presente no momento, mas não havia, ainda, iniciado as suas pesquisas sistemáticas sobre mediunidade de D. D. Home.

A esta e todas as demais críticas, Crookes deu a devida resposta, quando reconheceu alguma importância nas mesmas.

Vamos passar à outra fase das atividades de Crookes. Escolheremos apenas uma delas, embora todas as demais tenham sido dignas de nota. vamos tratar das ectoplasmias de Katie King, obtidas pela mediunidade de Florence Cook.

Florence Eliza Cook (1856-1904)

A mediunidade de Florence Cook manifestou-se desde a sua infância, quando afirmava ver espíritos e ouvir vozes. Tais fatos eram levados pouco a sério pelos seus familiares, que os atribuíam a produtos da sua imaginação infantil. Em 1871, aos 15 anos de idade, a sua mediunidade começou a aflorar mais intensamente e foi-se desenvolvendo com o correr do tempo.

Em 22 de Abril de 1872, numa sessão na qual se achavam presentes a mãe, os irmãos e uma irmã da médium, além da criada Mary, materializou-se o espírito Katie King, parcialmente e pela primeira vez. Numa carta dirigida ao diretor do periódico The Spiritualist, de Londres, Harrison, a própria Florence Cook relatou o ocorrido, pois manteve-se em vigília durante a manifestação:

«Katie mostrou-se na abertura das cortinas; os seus lábios moveram-se; por fim, falou durante alguns minutos com a minha mãe. Todos puderam acompanhar os movimentos dos seus lábios.»

«Como eu não a via muito bem de onde me encontrava, pedi-lhe que se voltasse para mim. Ela atendeu e virou-se. "Com muito gosto desejo atender-te", disse. Então pude observar que a parte superior de seu corpo estava formada somente até ao busto; o resto de seu corpo era uma nebulosidade vagamente luminosa.» (Rodrigues, W. L. V. - Katie King, Matão: O Clarim, 1975, p.32).

Posteriormente, Florence Cook passou a entrar em transe profundo. Daí em diante, Katie King foi adquirindo mais consistência e autonomia, chegando a sair inteiramente da cabina escura e a passear livremente entre os assistentes, mostrando-se à luz clara.

Em Dezembro de 1873, durante uma sessão em que se achavam entre os convidados, o conde e a condessa de Caithness, o conde de Medina Pomar e um certo W. Volckman, Katie King mostrou-se tão nitidamente que despertou suspeitas neste último. Volckman, subitamente, avançou contra Katie King, agarrando uma de suas mãos e prendendo-a pela cintura com o outro braço! Estabeleceu-se uma luta, na qual dois amigos da médium tentaram socorrer Katie King. O advogado Henry Dumphy conta que ela pareceu perder os pés e as pernas, e fazendo um movimento semelhante ao de uma foca na água, escapuliu sem deixar traços de sua existência corporal, tendo desaparecido inclusive os véus brancos em que se envolvia. Segundo Volckman, ela libertou-se violentamente.

Mas o fato incontestável é que uns cinco minutos mais tarde, quando se restabeleceu a calma e a cabina foi aberta, ali foi encontrada Florence Cook perfeitamente composta em seu vestido preto e calçada com suas botas. As amarras que a prendiam estavam intactas, assim como o lacre impresso com o sinete do anel do conde de Caithness, tal como no início da sessão. Foi-lhe dada uma busca, mas não se descobriu qualquer vestígio de vestes ou véus brancos. Como resultado da brutal prova, a médium adoeceu. (Fodor, N. - Encyclopaedia of Psychic Science, U.S.A.: University Books, 1974, p. 62).

Logo após este incidente, Florence Cook procurou sir William Crookes e solicitou-lhe que investigasse a sua mediunidade.

Naquela ocasião, devido a certos fenómenos que ocorriam numa escola onde Florence Cook tinha um emprego, e também em virtude da repercussão na imprensa, dos fatos que com ela ocorriam, a diretora demitiu-a de sua colocação. Desse modo, Florence Cook viu-se desempregada. Um senhor que se interessava vivamente pelas faculdades da srta. Cook, ofereceu-lhe uma pensão permanente com a condição de ela manter-se em atividade mediúnica exclusivamente para fins de pesquisa científica. A referida pensão duraria enquanto Florence se mantivesse solteira. O nome desse generoso protetor era Charles Blackburn. Quando ocorreu o incidente com o desastrado Valckman, Charles Blackburn excluiu Florence da assistência pública e confiou-a exclusivamente aos cuidados de William Crookes, para investigações rigorosamente científicas.

Katie King era o pseudónimo adotado pelo espírito de Annie Owen Morgan. Ela era o «espírito guia» de Florence Cook. Dizia ter sido filha de Henry Owen Morgan, famoso pirata que foi protegido por Charles II e feito governador da Jamaica. O espírito de H. O. Morgan adotou o pseudónimo de John King, tendo-se manifestado, pela primeira vez, em 1850, com os irmãos Davenport.
Katie King colaborou de maneira notável com William Crookes. Vamos transcrever os relatos de algumas sessões controladas por Crookes e reportadas pessoalmente por ele.

No início Katie King assemelhava-se a Florence Cook.
Este episódio, do qual extraímos o texto que se segue, mostra-nos um fato de grande importância: quando o médium não está em transe suficientemente profundo, pode ocorrer uma ectoplasmia incompleta. Neste caso, o duplo astral da médium arrasta consigo o ectoplasma. O espírito, então, se sobrepõe a este conjunto, surgindo daí uma forma híbrida, com a aparência do médium. A sessão realizava-se na casa do sr. Luxmore:

«Pouco depois, a forma de Katie apareceu ao lado da cortina, dizendo que o fazia porque havia perigo em se afastar do seu médium, visto que este não se achava bem e não poderia ser lançado em sono suficientemente profundo».

«Eu — William Crookes — estava colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a srta. Cook se achava sentada, tocando-a quase, e podia frequentemente ouvir os seus gemidos e suspiros, como se ela sofresse. Esse mal-estar continuou por intervalos, durante toda a sessão, e uma vez, quando a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o som de um suspiro doloroso, idêntico aos que a srta. Cook tinha feito ouvir, por intervalos, durante todo o tempo da sessão e que vinha de trás da cortina onde ela devia estar sentada.»

«Confesso que a figura era surpreendente na sua aparência de vida e de realidade, e tanto quanto eu podia ver, à luz um pouco fraca, os seus traços assemelhavam-se aos da srta. Cook; mas, entretanto, a prova positiva, dada por um dos meus sentidos, pois que o suspiro vinha da srta. Cook, no gabinete, enquanto a figura estava fora dele, esta prova é muito forte para ser destruída por simples suposição do contrário, mesmo bem sustentada.»

Posteriormente sir William Crookes organizou uma série de sessões no seu laboratório particular, situado em sua própria residência. Foi aí que se deram as melhores ectoplasmias de Katie King, durante as quais, inúmeras vezes, puderam ser vistas e até fotografadas, ao mesmo tempo, a materialização e a médium.

Crookes pôde ver simultaneamente Katie King e Florence Cook.
Esta sessão ocorreu em 12 de Março de 1874, na casa de Crookes:

«Voltando ao meu posto de observação, Katie apareceu de novo e disse que pensava poder mostrar-se a mim ao mesmo tempo que a sua médium. Abaixou-se o gás e ela pediu-me a lâmpada florescente. Depois de se ter mostrado à claridade, durante alguns segundos, restituiu-a, dizendo: "Agora entre e venha ver a minha médium". Acompanhei-a de perto à minha biblioteca e, à claridade da lâmpada, vi a srta. Cook estendida no canapé, exatamente como eu a tinha deixado; olhei em torno de mim para ver Katie, porém ela havia desaparecido...».

Em outra sessão Crookes conseguiu ver, durante um largo tempo, simultaneamente a médium e a entidade materializada. Esta sessão ocorreu em Hackney. Nesta ocasião, Crookes obteve permissão de Katie King para enlaçar sua cintura e abraçá-la, repetindo sem incidentes a desastrada experiência de W. Volckman. Crookes, em artigo publicado no The Spiritualist, disse:

«O sr. Volckman ficará satisfeito ao saber que posso corroborar a sua asserção, de que o "fantasma" (que afinal não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quanto a própria srta. Cook.»

Prosseguindo em seu artigo, Crookes relatou o seguinte episódio, ocorrido nessa mesma sessão:

«Katie, disse então que dessa vez julgava-se capaz de se mostrar ao mesmo tempo que a srta. Cook. Abaixei o gás, e em seguida, com a minha lâmpada florescente penetrei o aposento que servia de gabinete.»

«Mas, eu tinha pedido previamente a um dos meus amigos, que é hábil estenógrafo, para anotar toda a observação que eu fizesse, enquanto estivesse no gabinete, porque bem conhecia eu a importância que se liga às primeiras impressões, e não queria confiar à minha memória mais do que fosse necessário: as suas notas acham-se neste momento diante de mim».

«Entrei no aposento com precaução; estava escuro e foi pelo tato que procurei a srta. Cook; encontrei-a de cócoras no soalho.»

«Ajoelhando-me deixei o ar entra na lâmpada e, à sua claridade, vi essa moça vestida de veludo preto, como se achava no começo da sessão, e com a toda a aparência de estar completamente insensível. Não se moveu quando lhe tomei a mão; conservei a lâmpada muito perto do seu rosto, mas continuou a respirar tranquilamente.»

«Elevando a lâmpada, olhei em torno de mim e vi Katie, que se achava em pé, muito perto da srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com roupa branca, flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Segurando uma das mãos da srta. Cook na minha e ajoelhando-me ainda, elevei e abaixei a lâmpada, tanto para alumiar a figura inteira de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu via, sem a menor dúvida, a verdadeira Katie, que tinha apertado nos meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de um cérebro doentio. Ela não falou, mas moveu a cabeça, em sinal de reconhecimento. Três vezes examinei cuidadosamente a srta. Cook, de cócoras, diante de mim, para ter a certeza de que a mão que eu segurava era de fato a de uma mulher viva, e três vezes voltei a lâmpada para Katie, a fim de examinar com segurança e atenção, até não ter a menor dúvida de que ela estava diante de mim. por fim, a srta. Cook fez um ligeiro movimento e imediatamente Katie deu-me um sinal para que me fosse embora. Retirei-me, para outra parte do gabinete e deixei então de ver Katie, mas só abandonei o aposento depois que a Srta. Cook acordou e que dois dos assistentes entrassem com luz.» (Crookes, W. - Fatos Espíritas, trad. de Oscar D’Argonnel, Rio: FEB, 1971, pp.69-73)

Apesar de cerrado ataque de que foi alvo, devido aos seus relatórios acerca dos fenómenos que observou e investigou durante vários anos, sir William Crookes nem uma só vez titubeou em afirmar sua convicção na realidade dos fatos por ele pesquisados.

Diante da British Association at Bristol, na sua palestra presidencial, em 1989, ele declarou:

«Trinta anos se passaram desde que eu publiquei um relatório de experiências, visando demonstrar que além do nosso conhecimento científico existe uma Força exercida por inteligência diferente da inteligência ordinária, comum aos mortais. Não tenho nada a retratar. Mantenho-me fiel às minhas afirmações já publicadas. Na realidade, eu poderia acrescentar muito mais, além disso».

E numa entrevista na The International Psychic Gazette, em 1917, ele repetiu:

«Nunca tive jamais qualquer ocasião para modificar minhas ideias a respeito. Estou perfeitamente satisfeito com o que eu disse nos primeiros dias. É absolutamente verdadeiro que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro.» (Fodor, N. - Encyclopaedia of Psychic Science, U.S.A.: University Books, 1974, p.70).
William Crookes foi um marco inicial do período científico da história da parapsicologia.

(**) Nota: sobre a palavra inglesa Spiritualism: A National Spiritualist Association of América definiu o Spiritualism da seguinte forma:
«É a Ciência, Filosofia e Religião da vida contínua, baseada sobre o fato demonstrado da comunicação, por meio da mede estava mal diunidade, com aqueles que vivem no Mundo Espiritual... etc.». Dada a sua semelhança com o Espiritismo, passaremos, doravante, a traduzir «Spiritualism» pela palavra Espiritismo, sem contudo significar isso uma total identificação entre os dois sistemas.

UMA PROJEÇÃO DE DANIEL DOUGLAS HOME

No verão de 1853 Daniel foi morar com três amigos que estavam estudando no Instituto Teológico de Newburgh, Nova Iorque. Contudo, não tomou parte em estudo algum e parecia passar a maior parte do tempo em meditação. Durante esse período teve uma curiosa visão, sobre a qual não há outra confirmação a não ser o que ele próprio contou de como aquilo acontecera.

A área em torno do edifício era muito bonita, e Daniel gostava de procurar ali um lugar onde pudesse sentar-se e observar o Rio Hudson fluindo em direção ao mar. Por muitas vezes ficou ali até após o escurecer, pelo prazer de ver as luzes se acenderem nas casas das fazendas que ficavam abaixo da escarpa sobre a qual costumava sentar-se. Certa noite, quando ali estava observando aquelas luzes, começou a pensar na morte. Ao voltar para a sua residência aquele pensamento ainda lhe ocupava a mente. Deitou-se em sua cama, e, olhando através da janela aberta, viu uma bela estrela cintilando no céu.

Foi, então, tomado por um estranho sentimento. "Lembro-me de ter indagado a mim mesmo" - escreveu ele, mais tarde - se estava ou não adormecido. "Então, para meu espanto, ouvi uma voz, que reconheci, mas não identifiquei". Temos a impressão de que se tratava de sua jovem irmã, que morrera muitos anos antes. "Não tenhas medo, Daniel. Eu estou junto de ti. A visão que vais ter é a da morte, mas, apesar disso, não vais morrer. Teu espírito deve retornar ao teu corpo, dentro de algumas horas. Confia em Deus e em seus bons anjos. Tudo estará bem".

A voz extinguiu-se e Daniel sentiu que sua alma deslizava para fora do seu corpo. Contou-nos que tentou agarra-se à existência, e disse que não temia a morte e confiava no anjo guardião que lhe tinha falado. O que temia era as coisas que poderia encontrar, e que "poderiam perturbar minha vida futura".
Seu corpo ficou entorpecido, mas a atividade de sua mente aumentou. Seu corpo espiritual separou-se do seu corpo físico. Aquele corpo que ele estava deixando parecia ser composto de "milhares de cintilações elétricas que tomaram forma de corrente, despedindo seus raios pelo corpo, de uma forma das mais maravilhosas." O único elo entre seu corpo material e seu corpo espiritual "parecia ser uma luz prateada, que emanava do cérebro".

A voz que lhe falara antes, dizia-lhe, agora: "A morte não é senão um segundo nascimento, correspondendo, sob todos os aspectos, ao nascimento natural. Se o elo da união fosse agora rompido, jamais poderias voltar ao teu corpo, mas, como já te disse, isso não vai acontecer... Deus é amor, e ainda assim Seus filhos duvidam Dele. Não disse Ele: "Bate, e te será aberto; procura, e acharás?" Suas palavras devem ser tomadas tal como foram ditas... Fica bem calmo, pois dentro de alguns minutos tu nos verás a todos. Mas não nos toques, e deixa-te guiar por aquele que for escolhido para ir contigo, já que eu devo ficar ao lado do teu corpo".

Luz estranha fez-se ver em torno, então. "Jamais os raios do sol terreno lançaram tais raios, fortes em beleza, suaves em amor, aquecidos no resplendor vital... Aquela luz celestial vinha dos que estavam de pé diante de mim, mas ainda assim a luz não era criada por eles, mas lançadas sobre eles de uma fonte mais alta e mais pura".

O espírito de alguém que Home conhecera na terra conduziu-o para a sua excursão aérea. O propósito parecia ser o de dar-lhe conhecimento de como o mundo dos espíritos observa os que amou na terra. Home e seu guia flutuaram sobre uma nuvem purpurina até que Daniel pudesse ver um chalé rústico abaixo deles. As paredes fizeram-se transparentes a seus olhos. As pessoas que ali moravam estavam adormecidas.

"Vi vários espíritos que estavam vigiando os adormecidos. Um desses espíritos tentava imprimir em seu filho a idéia de onde encontrar uma relíquia perdida. Num quarto anexo vi alguém atormentado em seu sonho, produto de um corpo doente".
Home foi, então, levado de volta ao seu próprio corpo, embora protestasse por deixar tão depressa o mundo dos espíritos. Disseram-lhe que o tempo passa mais devagar no após da vida, e que ele ali estivera durante onze horas. Fizeram seu espírito retornar ao corpo, com essa recomendação: "Volta à terra, ama teu próximo, ama a verdade, e, fazendo isso, servirás o Deus de infinito amor, que cuida de todos e a todos ama".

Daniel voltou à sua consciência terrena e viu que a estrela que estivera observando antes da sua espectral aventura, "fora agora substituída pelo sol, que estava, havia quatro horas, acima da linha do horizonte".
(Texto extraído do livro "D. D. Home: O Homem Que Falava Com Os Espíritos" - I. G. Edmonds - Editora Pensamento)

Encontro com Daniel Douglas Home

Num encontro espiritual inesperado, o sensitivo e espiritualista Wagner Borges teve a oportunidade de se encontrar com um dos maiores médiuns da história, Daniel Douglas Home, que lhe falou telepaticamente sobre a mediunidade.

No dia 16 de janeiro de 1989, eu estava hospedado no apartamento de um casal amigo, em São Paulo. Por volta das 13 horas, estava sentado numa cadeira na sala, junto a uma mesa de fórmica, rodeada por outras cadeiras vazias. Estava só no ambiente, enquanto as outras pessoas da casa estavam conversando na cozinha. Nessa ocasião, estava pesquisando a vida de Home em dois excelentes livros: D. D. Home: O Homem que Falava com os Espíritos (I. G. Edmonds; Ed. Pensamento), e O Oculto (Colin Wilson; Ed. Francisco Alves; volume 2, págs.134,135).

Durante a leitura, notei alguns espíritos no ambiente, sem divisar, no entanto, suas aparências. Em dado momento, notei que um deles havia se sentado em uma das cadeiras vazias em frente à cadeira em que eu estava. De início, não vi claramente a sua fisionomia, mas senti as energias agradáveis que eram emanadas em minha direção. Notei um dos amparadores espirituais que trabalha comigo, o bom amigo Rama (ver o livro Viagem Espiritual, Ed. Universalista) em pé atrás da minha cadeira. Telepaticamente, ele me orientou para que eu parasse a leitura e relaxasse para observar melhor o visitante espiritual que estava sentado em frente a mim. Iniciei uma exteriorização de energia, e as minhas percepções se ampliaram.

Para minha surpresa, aquela pessoa sentada à minha frente era nada mais nada menos que Daniel Dunglas Home. Observei com bastante atenção a sua fisionomia. Tinha cabelos castanho-claros, meio encaracolados, repartidos ao meio. Seus olhos eram grandes e azuis, expressando uma mistura de inteligência, ingenuidade e ironia. Tinha bigodes e estampava um sorriso simpático. Seus lábios eram finos e os dentes, perfeitos. Era magro e estava vestido com um sobretudo cinza por cima de uma camisa branca. No conjunto, denotava ser um homem fino e elegante.

Procurei observá-lo com muita atenção, pois além de ser sensitivo, sou também um pesquisador. Quando vejo um espírito, a primeira coisa que faço é exteriorizar energia em sua direção. Utilizo esse processo para verificar se aquilo que estou vendo é realidade ou uma forma-pensamento criada pelo meu subconsciente, fruto de ilusão ou de algum condicionamento mental meu.

Aquele era realmente Daniel D. Home. Ele acenou para mim e sentou-se em outra cadeira. Depois, retornou à cadeira anterior. Às vezes, ele olhava para o lado, sorrindo e dialogando com um dos espíritos que ali estava, e que eu não conseguia perceber pela clarividência. Pelo que observei e senti, as condições espirituais de Home eram ótimas.

Em dado momento, o ambiente foi inundado por uma luz branca muito intensa, envolvendo igualmente a mim e a Home. Senti que aquela luz me energizava e, ao mesmo tempo, extraía ectoplasma do meu corpo, na altura do plexo solar. Aquelas energias retiradas eram direcionadas, em primeiro plano, para alguns espíritos doentes que estavam no ambiente, levados pelos amparadores. Em seguida, eram direcionadas para fora do local, com o objetivo de ajudar pessoas a distância.

Minha lucidez começou a diminuir, o que é natural quando um médium está doando energias. Nesse instante, Home passou a dialogar comigo telepaticamente. Disse-me que a mediunidade de efeitos físicos (ectoplasmia) é a mais espinhosa de todas, pois as sensações são as mais penosas para um médium e que a catalepsia, a letargia e a prostração do corpo físico foram uma constante na sua vida, quando encarnado. Também disse que a projeção da consciência era um assunto que o seduzia, mas que, devido às circunstâncias, não prestara muita atenção nessa faculdade parapsíquica, relegando-a a um segundo plano e tratando-a até com certa leviandade. Não obstante isso, ele tivera algumas experiências fora do corpo bem reais (Há um relato de uma experiência fora do corpo de Home, no livro de I. G. Edmonds, já citado neste artigo, págs. 30, 31).

Deu-me alguns conselhos pessoais referentes à ectoplasmia e cura mediúnica. Depois, deu um sorriso de despedida e começou a desaparecer lentamente dentro daquela luz que nos envolvia.

Após sua partida, cochilei por alguns instantes, até que uma forte descarga de energia banhou todo o meu corpo, deixando-me bastante ativo. A luz que envolvia o ambiente foi diminuindo gradativamente até desaparecer totalmente. Os espíritos haviam partido.

Analisei com calma a visita que recebera, um verdadeiro presente, e agradeci mentalmente aos amparadores, ainda emocionado, a oportunidade que eles me haviam concedido.

Algumas pessoas provavelmente duvidarão desse relato, classificando-o como fantasia subconsciente da minha parte. A essas pessoas devo informar que, trabalhando há muitos anos com experiências fora do corpo e com a mediunidade, sei distinguir claramente um espírito real de uma forma-pensamento. Além disso, posso identificar um espírito pelas energias que sinto emanar dele, o que, obviamente, é diferente no caso de uma forma-pensamento, que não gera esse tipo de energia consciencial. Se Home fosse uma fabulação inconsciente de minha mente, o meu amigo Rama não chamaria a minha atenção para observar melhor o visitante.

Sobre Home, eis o que diz Colin Wilson em O Oculto: “Home compunha uma personalidade artística, mas não criava, no sentido usual da palavra. Ao contrário de Jung, era muito superficial – jamais questionava os espíritos, nem se dedicava a uma reflexão mais séria. Foi sempre um freqüentador da alta sociedade, percorrendo a Europa toda a cear com a realeza. O que não teria descoberto tivesse ele sido um ‘viajante da mente’ como Jung!”

Wagner Borges é pesquisador, projetor, sensitivo espiritualista, conferencista e autor dos livros Viagem Espiritual Volumes 1, 2 e 3, e dos livros Uma Lição Extraterrestre e Falando de Espiritualidade Volume 1. É também produtor e apresentador dos programas Viagem Espiritual, Viagem Musical e Viagem Progressiva, da Rádio Mundial de São Paulo, 95,7 FM e fundador do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas – IPPB. Site: www.ippb.org.br.

Bibliografia

CROOKES, William. "Notes of an Enquiry into the Phenomena called Spiritual during the Years 1870-1873". Quarterly Journal of Science, 1874. [1]
CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo (5a. ed.). Curitiba (PR): Federação Espírita do Paraná, 1996. 223p. ISBN 85-7365-001-X p. 211-214.
DOYLE, Arthur Conan. The History of Spiritualism. New York: G. H. Doran, Co. Volume 1: 1926 Volume 2: 1926 (Vide Nota)
HOME, Daniel Dunglas. Incidents in My Life. 1864.
HOME, Daniel Dunglas. Lights and Shadows in Spiritualism. G. W. Carleton, 1877.
Experiences In Spiritualism with D. D. Home (Experiências em Espiritualismo com D. D. Home) pelo Visconde Adare, 1869, Arno Press, 1976, reimpressão de uma edição estendida de 1871
The First Psychic: The Extraordinary Mystery of a Victorian Wizard (O Primeiro Psíquico: O Mistério Extraordinário de um Bruxo Vitoriano) por Peter Lamont, Time Warner Books UK, 2005, uma extensa biografia por um historiador premiado da história britânica
Mediums of the Ninteeth Century (Médiuns do Século Dezenove), Segundo Volume, Livro Quarto, Capítulo Três, Daniel Dunglass Home e Capítulo Quarto, Havia Alucinação? por Frank Podmore, University Books, 1963, reimpressão da edição de 1902 de Moderno Espiritualismo
The Newer Spiritualism (O Espiritualismo Mais Novo) por Frank Podmore, Arno Press, 1975, reimpressão da edição de 1910
ESP,Seer & Psychics: What the Occult Really Is (ESP, Vidente e Psíquicos: O Que é de Fato o Oculto) por Milbourne Christopher, Thomas Crowell, 1970
Mediums, Mystics and the Occult (Médiuns, Místicos e o Oculto) por Milbourne Christopher, Thomas Crowell, 1975
Learned Pigs and Fireproof Women (Porcos Eruditos e Mulheres à Prova de Fogo) por Ricky Jay, Villard Books, 1987; Ver páginas 37-42, Fotos na página 40.
Revelations of a Spirit Medium (Revelações de um Médium de Espíritos) por Harry Price e Eric J. Dingwall, Arno Press, 1975 reimpressão da edição de 1891 por Charles F. Pidgeon. Esse livro raro, desprezado e esquecido fornece a visão de dentro sobre as decepções do século XIX.

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Dunglas_Home
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/fep/william-crookes.html
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1409&catid=31&Itemid=57
http://www.larnossorecanto.org.br/downloads/historia-do-espiritismo.pdf

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ophiuchus Serpentário




Ophiuchus, o Serpentário, é uma constelação localizada no hemisfério sul. O genitivo, usado para formar nomes de estrelas, é Ophiuchi. Representa-se o serpentário como um homem segurando a Serpente, que fica dividida em duas partes no céu, Serpens Caput e Serpens Cauda, sendo mesmo assim contadas como uma única constelação.

RS Ophiuchi, uma estrela muito fraca, é parte de uma classe incomum conhecida como "novas recorrentes", cujo brilho aumenta em intervalos irregulares, centenas de vezes em poucos dias. A Estrela de Barnard, a quinta estrela mais próxima do Sol, também está nesta constelação.

As constelações definidas no céu têm como base as 48 constelações descritas no Almagesto, de Ptolomeu. As suas fronteiras precisas, entretanto, só foram definidas em 1930, no primeiro congresso internacional da União Astronômica Internacional, órgão máximo da Astronomia Mundial. Segundo estas fronteiras, Serpentário cruza a eclíptica, entre Escorpião e Sagitário, sendo, portanto uma constelação zodiacal.

A definição da faixa do zodíaco, de utilidade limitada na ciência da Astronomia (onde o conceito de plano da eclíptica é mais relevante), é central na atividade divinatória conhecida como Astrologia. Por este motivo, um debate se segue desde 1930, periodicamente ressurgindo na mídia, sobre um décimo - terceiro signo astrológico. A discussão é amplamente ignorada por astrônomos e comunidade científica.

Embora já fosse conhecida na Antiguidade, quando se formularam as regras da Astrologia, na Antiga Babilônia, apenas 12 das 13 constelações foram levadas em conta, ignorando Serpentário, não é admitida no zodíaco porque há 3 mil anos estava longe da eclíptica. Porém, com a precessão dos equinócios, já se situa entre Sagitário e Escorpião. Na verdade as próprias constelações do Zodíaco não seguem mais o ritmo descrito na Astrologia atualmente, se posicionado mais atrasadas em relação aos dias estipulados; Os astrólogos herméticos usam a elipse como estava disposta na Antiguidade, e excluem Ophiucus.

Astrônomos do Planetário de Minnesota, nos EUA, afirmam que, por causa da atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra, o alinhamento das estrelas foi empurrado por cerca de um mês. “Quando os astrólogos dizem que o sol está em Peixes, não está realmente em Peixes”, disse Parke Kunkle, um dos integrantes do Minnesota Planetarium Society a revista "Time".

De acordo com ele, o signo astrológico é determinado pela posição do sol no dia em que a pessoa nasceu; o que significa que de acordo com os astrônomos, tudo o que se sabia sobre horóscopo está errado, e o 3º signo deveria fazer parte da astrologia.

De acordo com os astrônomos de Minnesota hoje os signos ficariam identificados desta forma:

Capricórnio: de 20 de janeiro a 16 de fevereiro
Aquário: de 16 de fevereiro a 11 de março
Peixes: de 11 de março a 18 de abril
Áries: de 18 de abril a 13 de maio
Touro: de 13 de maio a 21 de junho
Gêmeos: de 21 de junho a 20 de julho
Câncer: de 20 de julho a 10 de agosto
Leão: de 10 de agosto a 16 de setembro
Virgem: de 16 de setembro a 30 de outubro
Libra: de 30 de outubro a 23 de novembro
Escorpião: de 23 a 29 de novembro
Serpentário: de 29 de novembro a 17 de dezembro
Sagitário: de 17 de dezembro a 20 de janeiro

Ecos da antiguidade relatam que o signo n° 13 do zodíaco, ao contrário dos outros 12 signos é realmente associado com uma pessoa real. No século 27 a.C. no antigo Egito viveu um homem conhecido como Imhotep. Imhotep era conhecido como "Aesclepius" pelos gregos antigos, porém os atributos são os mesmos.



O símbolo da serpente ou cobra, que ainda hoje é usado para simbolizar a profissão médica também foi usado para representar Imhotep. É considerado o primeiro arquiteto, engenheiro e médico da história antiga - embora dois outros médicos, Hesy-Ra e Merit-Ptah, tenham sido contemporâneos seus.
A lista completa de seus títulos é: Chanceler do Rei do Egito, Doutor, Primeiro na linhagem do Rei do Alto Egito, Administrador do Grande Palácio, Nobre hereditário, Sumo Sacerdote de Heliópolis, Construtor, Carpinteiro-Chefe, Escultor-Chefe, e Feitor-Chefe de Vasos.


Para complementar, dois pontos de vista:


Nos últimos tempos, temos visto algumas polêmicas e alguns mal-entendidos no que diz respeito aos signos do zodíaco e às constelações que o mesmo contém. Na verdade, não devemos fazer confusão entre signo e constelação zodiacal. Os signos, em número de doze, correspondem cada um à divisão de 30 graus do círculo zodiacal ( 360 /12 = 30), os quais recebem o nome da constelação mais significativa daquela região do céu conforme os povos antigos que criaram tal concepção de organização estelar, e que a Astrologia adotou e ajudou a popularizar.

As constelações sempre tiveram, desde a época das civilizações mais antigas, a importante função de dar uma organização ao céu, facilitando sua leitura e ajudando na identificação dos astros. Sempre representaram uma verdadeira cartografia do céu. Acontece, contudo, que até o início deste século, a delimitação das constelações não respeitava um critério padrão, existindo cartas celestes com limites irregulares, além de arbitrários e ainda com algumas linhas curvas. Havia também mapas e globos celestes com configurações artisticamente elaboradas, sem a precisão do rigor científico, como ainda constelações que eram identificadas por linhas arbitrárias que interligavam suas estrelas.

Foi a partir de 1922, quando da criação da União Astronômica Internacional (UAI), que o conceito de constelação começou a mudar e surgiu Ofiúco (Ophiucus) como uma 13a constelação zodiacal. Durante a assembléia geral da UAI em 1925, em Cambridge, foi criado um grupo de trabalho para estudar a questão das delimitações das constelações, surgindo daí a proposta de criação de regiões na esfera celeste, tal como um país dividido em estados. Assim, a esfera celeste foi dividida em 88 regiões, também chamadas constelações, com tamanhos variados e delimitações bem definidas e retilíneas. Cada região recebeu o nome da principal constelação nela predominante e todas aquelas cortadas pela linha da eclíptica (linha que no céu, vista da Terra, representa o caminho percorrido pelo Sol durante o ano) passaram a ser consideradas zodiacais.

Convém explicar que o zodíaco é um círculo ou faixa de 17 graus no céu, que abrange toda a esfera celeste e que tem no centro a linha da eclíptica. Foi desta forma, então, que o zodíaco acabou por ser premiado com 13 regiões ou constelações, que são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Convém salientar novamente que para ser considerada zodiacal a constelação deve ser atravessada pela linha da eclíptica, ou seja, o sol deve cruzá-la ao longo do ano. Acontece que depois de passar por Libra e Escorpião, o sol cruza Ofiúco de 30 de novembro a 17 de dezembro, antes de entrar em Sagitário. Porém, esta passagem do sol por Ofiúco não é considerada pela astrologia.

Do modo como foi organizado o céu pela UAI, todas as treze constelações ocupam espaços diferentes ao longo da linha da eclíptica, o que significa dizer que a divisão do zodíaco em doze signos de trinta graus cada um é puramente arbitrária e segue apenas a tradição dos povos antigos. Ofiúco é uma constelação um tanto extensa, sendo conhecida também por Serpentário. Na mitologia grega, este agrupamento de estrelas estava associado a Esculápio, deus da medicina. Segundo a lenda, Esculápio passou a dedicar-se à arte da cura após ver uma serpente ressuscitar outra com algumas ervas que trazia em sua boca.

Esta é, inclusive, a origem do símbolo das ciências médicas: duas serpentes enroladas num bastão. Ainda sobre esta constelação, diz-nos o saudoso professor Amaro Seixas Netto:

“Em realidade, o Zodíaco atual tem treze constelações. Desde 1952, temos adotado esta Constelação Zodiacal em nossos estudos, criando assim o Zodíaco perfeito e exato sobre a Eclíptica. Esta descoberta decorreu duma análise profunda do curso do Sol zodiacal, e deste modo propusemos a sua notação na Faixa Zodiacal bem como criamos o seu signo, publicado na Imprensa para registro. Pode observar-se que o Sol, no Zodíaco, percorre pequena parte do Escorpião e logo entra no Ofiuco, para depois ingressar em Sagitário.” SEIXAS NETTO, A. O zodíaco. São Paulo : Editora do Escritor, p[agina 60.

Para alguns astrólogos, a polêmica a respeito da existência de um 13° signo não faz sentido, haja vista que não são as constelações lá no céu que influenciam os seres aqui na Terra e sim energias cósmicas que tomam como referência os signos tradicionais. Há também opiniões que procuram justificar que tanto a cobra (Ofiúco) como o escorpião são animais que trocam de pele, indicando uma personalidade sujeita a grandes flutuações, e que, neste caso, Ofiúco vem a ter o mesmo significado astrológico de Escorpião.

Portanto, apesar de termos 13 constelações zodiacais, com a inclusão de Ofiúco, a divisão do zodíaco em doze signos, para efeito da astrologia, segue a antiga tradição e não precisa levar em consideração as mudanças estabelecidas pela UAI, o que muitos astrônomos consideram uma imperfeição. E como a divisão do zodíaco em signos não apresenta nenhum interesse prático maior para a astronomia, o surgimento de Ofiúco como região zodiacal em nada deverá abalar as crenças e os estudos astrológicos, pois os astrólogos sabem que suas concepções não partem das constelações e sim dos signos, que são meras convenções.


Paulo Araújo Duarte - Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina.

http://dialogospoliticos.wordpress.com/2011/01/14/serpentario-conheca-o-13°-signo-do-zodiaco-segundo-a-nova-astrologia/

Sagrado universo!

Do Sagitário ao Serpentário

Possibilidade de um 13º signo existir causa polêmcia entre astrônomos e astrólogos

Leidiane Montfort
Da Redação

Há séculos e milênios o homem olha para o céu em busca de respostas. O emaranhados de pontos e luzes significariam exatamente o que? A astronomia e a astrologia se desenvolveram a partir desse pensamento. No entanto, freqüentemente profissionais das 2 áreas entram em discussão, por algum motivo. O assunto do momento é a teoria de astrônomos, em especial Parke Kunkle que defende a inclusão de um novo signo: Ophiuchus, o serpentário. Fato que alteraria as datas dos outros signos.

Para tal, Kunkle argumenta que as mudanças no alinhamento da Terra podem ter alterado as datas de muitos signos do zodíaco. Ophiuchus, também conhecido como Serpentário, é um signo que já existia em algumas versões do zodíaco do passado. Também há uma constelação com o mesmo nome.

Em entrevista ao Vida a astróloga, taróloga e cabalista Graziella Marraccini, disse que é preciso analisar a proposta com calma. Os signos são uma coisa inventada, fruto da imaginação do ser humano. "Eu não descarto que no futuro a astrologia venha a considerar os 13 signos (incluindo o serpentário). Já que a astrologia é regida por Urano que traz visão de futuro. Mas, por enquanto, creio que nada muda".

A astróloga explica que outros planetas ou asteróides (Ceres, Quiron) surgem a cada nova pesquisa dos astrônomos, e Plutão foi rebaixado a planeta-anão, contudo nada disso modifica o conhecimento astrológico. "À medida que as influências astrológicas destes corpos celestes se farão presentes na humanidade, a astrologia certamente fará uso desse conhecimento". (...)

"No ocidente, e partindo do princípio que os arquétipos não mostraram ainda ter se modificado ao longo da história da humanidade, não acreditamos ser necessário, pelo menos de imediato, modificarmos aquilo que a astrologia tradicional nos ensina".

Constelação X Casas astrológicas - Há uma diferença entre constelação e signos (também chamados de casas astrológicas). Constelações estão colocadas no caminho aparente do Sol, ou seja, por causa do movimento e da inclinação da Terra no seu eixo.

A astrologia, por tradição, determinou que o Círculo Zodiacal fosse dividido em 12 Signos de 30 graus cada um, descartando assim a possibilidade de considerar Ophiucus, o portador de serpente, cujo desenho inclui somente um pé na roda zodiacal. Ophiucus era associado na mitologia Grega ao Deus Esculápio (ou Asclépius), o Deus da Cura.

"Descartado Ophiucus, às 12 constelações restantes foram dados 30 graus cada, de forma que a divisão em Casas permanecesse igual para todas. A convenção estabeleceu assim um igual valor para todas as 12 casas zodiacais. (...) Os astrônomos (e os astrólogos também) consideram que os signos zodiacais estão deslocados na elíptica solar, por causa da precessão dos equinócios. Isto é um fato".

"As diferentes personalidades (explicadas através da complexidade dos signos, posição de planetas e das casas, aspectos, etc.), não mudaram e não mudarão, em sua forma primordial. No entanto, todo o ser humano tem um horóscopo pessoal, único, individual, que nunca é idêntico àquele de outro ser humano. Ele é como sua marca registrada, seu DNA".

Astrologia - A divisão entre astrologia e astronomia é, relativamente, recente. No século 18 a astronomia e a astrologia divergiram em seus estudos. A primeira se afastou do significado oculto dos símbolos mantendo somente os estudos mecanicistas definidos pela ciência.

Graziela cita que Leonardo Da Vinci por exemplo, estudava astrologia, já que pesquisava o céu, a partir da relação com o homem. Para Graziela, a astrologia deu um significado profundo à interpretação de seus símbolos, que são usados até hoje. "A astrologia se insere no patamar de ajudar as pessoas. Levá-las ao autoconhecimento".


fonte:Gazeta Digital. Cuiabá, Mato Grosso
30 de Janeiro de 2011